Situada no centro da aldeia em honra do Santo do mesmo nome não teve lugar de destaque nestes tempos que descrevemos nem sequer a Festa se celebrava todos os anos, no mês de Agosto, como pertencia. O Santo permanecia fechado a maior parte do ano atento ou indiferente às brincadeiras das crianças que, no alpendre da Capela, se abrigavam da chuva e do calor, nos intervalos da escola e às conversas dos homens que, em horas de lazer, conversavam sentados nos bancos de pedra ali existentes. Porém, se os mordomos se empenhavam e a Festa se realizava era uma alegria para todos e, decerto, para o Santo também. O programa era diversificado e preenchia o dia inteiro prolongando-se pela noite: havia missa, procissão com o andor primorosamente enfeitado, foguetes, baile com música de concertina, arrematação de ofertas e romaria. Esta era, com efeito, a parte mais divertida graças à participação dos pastores da aldeia e quintas das proximidades que caprichavam na ornamentação dos chifres das ovelhas e carneiros. Era um corrupio em volta da capela e o gado, que não tinha sido ensaiado, não se enganava nas voltas ou não soubesse o pastor como devia actuar.
Nos restantes dias do ano apenas se ouvia o toque fraquinho da sineta para convidar à reza do terço ou à catequese.
Contudo, não deixaremos que permaneça a ideia da ausência de movimento nas imediações da Capela. O Largo de Santo António, com o secular freixo ali ao lado, era centro de passagem, paragem e conversa. E, porque a escola era mesmo ali, mais vida ainda se fazia sentir.