Ao começo da tarde do Domingo de Páscoa, iniciava-se a Visita Pascal cuja comitiva era presidida pelo Pároco, um homem que levava a Cruz, outro que transportava a caldeirinha da água benta, mais um que, num saquinho, recolhia as ofertas e um rapazote que, sempre à frente, fazia tilintar a campainha para anunciar a chegada.
As casas, limpas e enfeitadas com flores em jarras sobre as mesas, mantinham as portas abertas e era na rua que se esperava, à medida que os familiares iam chegando. No momento certo, as pessoas dirigiam-se para a sala, acomodando-se como podiam, ficando o dono da casa mais próximo da entrada. O senhor padre, aspergindo água benta com o braço bem levantado, proferia a Boa Nova: “Cristo ressuscitou! Aleluia! Aleluia”! E todos respondíamos: “Aleluia! Aleluia”! Em seguida, o chefe de família beijava a Cruz seguido pelos presentes. A visita era rápida o que originava alguma aceleração para se poder estar na casa de todos os familiares. Nós, os mais novos, éramos os últimos a beijar a Cruz e os primeiros a sair para, a correr, nos deslocarmos para a casa da avó, da tia ou da prima e, sem grande cerimónia, metermos na boca mais uma amêndoa branca ou cor-de-rosa que depressa trincávamos prontos para repetir o ritual.
A tarde passava num abrir e fechar de olhos! E quando começava a anoitecer, recolhíamos a casa onde, sentados à volta da fogueira, revivíamos aquele dia tão preenchido, tão diferente, tão de festa e, volta e meia, comíamos mais um biscoito enquanto se preparava a ceia que não nos importávamos que fossem as sobras do jantar.
2 comentários:
Obrigado pela visita e parabéns por este espaço, onde se sente o amor que nutre pela terra que a viu nascer.
Ola! Outro natural the Vila Boa, gostei imenso. E ao escreveres tanto sobre os anos 50/60 fiquei pensando quen pode ser, tenho a certeza que te conheco mas nao consegui encontrar o teu nome.
Feliz Ano novo,
Rogerio da Cruz
Enviar um comentário