A SEMANA SANTA acabava por chegar com o Dia de Ramos que celebrava a entrada de Jesus Cristo na cidade de Jerusalém, como o sacerdote fazia questão de recordar. Mas, para nós, que dias antes só pensávamos no nosso ramo, acabava até por ser mais importante do que a passagem bíblica que comemorávamos. Era preciso levar, neste Domingo, um ramo bonito e completo como mandava a tradição: loureiros não havia na aldeia, mas alguém se encarregava de os trazer da Quinta dos Ramos aos quais se juntava alecrim e raminhos de oliveira. As mulheres levavam ramos grandes, num braçado, os homens apenas um ou outro um ramito de oliveira. Mas, nós, levávamos tempo a arranjar o nosso e, para ficar mais bonito, acrescentávamos-lhe algumas outras flores que nem vinham a propósito.
À entrada da Igreja eram benzidos pelo sacerdote e um clima de alegria reinava no ar misturado com o perfume campestre de tantos ramos… e não pensávamos em mais nada a não ser que era Domingo de Ramos e que tínhamos um ramo, como se essa realidade fosse válida para todos os Dias de Ramos da nossa vida…
Os ramos eram, depois, convenientemente dependurados para secarem porque uma outra finalidade os aguardava. Nos primeiros dias de Maio com eles se faziam cruzes que, colocadas nas árvores, nos campos, tinham a missão de proteger as colheitas sobretudo das trovoadas que naquele mês eram frequentes.
SEXTA –FEIRA SANTA ou Sexta – Feira da Paixão era um dia marcado pela tristeza. Da parte da tarde, quase ninguém trabalhava em sinal de respeito e luto pela Morte de Jesus. Na Igreja, procedia-se à Adoração da Cruz mesmo que o sacerdote não pudesse presidir, alguém se encarregava de conduzir a Oração.
As crianças, sempre presentes, ouvíamos atentas o drama da Crucificação e Morte de Jesus e, sem nos apercebermos, íamos construindo os alicerces da fé que ainda hoje nos sustenta.
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