DATAS ASSINALADAS
Os três dias de Carnaval que, na nossa meninice, chamávamos Entrudo, nada tinham de especial por não haver na aldeia a tradição de festejar esta data. Eram dias de trabalho iguais aos outros, porque quem vivia do amanho da terra e da criação de animais tinha sempre que fazer. Por isso, corpo cansado não se dava a folguedos. Excepcionalmente, alguém se lembrava de pôr alguns disfarces, entrar na Taberna e acompanhar o tocador de concertina numas voltas ao povo.
O que havia de invulgar era o jantar (ao meio-dia) do dia de Entrudo, propriamente dito. Para isso se guardava, na salgadeira, o rabo do porco que se cozia com feijão vermelho juntamente com uns nacos de carne gorda ou entremeada e uns bocados de chouriça. Na panela de ferro, que logo cedo se punha ao lume que se ia atiçando, tudo misturado ia cozendo lentamente até depois se juntar uns punhados de arroz. Era bom, comia-se à colher, num prato fundo que dava mais jeito.
Sem comentários:
Enviar um comentário