As nascentes encarregavam-se de abastecer a população através das fontes e dos chafarizes que diferenciavam na forma e no funcionamento. As fontes eram poços a céu aberto escavados na rocha onde a água, saindo por pequenas fendas, se ia acumulando à mistura com limos, folhas secas, terra e outros detritos trazidos pelo vento e pelo fundo dos cântaros e regadores. O mergulhar destas vasilhas era precedido por umas voltinhas circulares que, quando bem sucedidas, podiam evitar o que não se pretendia e apanhar apenas água. É certo que, em algumas ocasiões a água, à superfície, mal se via e era preciso despejar e limpar a fonte que, algumas mulheres, quase sempre as mesmas, se encarregavam de fazer. Contudo, nem a Fonte do Forno nem a de Belém foram, alguma vez, responsabilizadas por algum mal-estar ou posta em causa a qualidade das suas águas.
Junto das fontes havia uns patamares de pedra onde os cântaros esperavam que as rodilhas fossem ajeitadas para que pudessem assentar bem na cabeça. Era uma tarefa feminina que requeria bastante equilíbrio e que nós, por mais que tentássemos, não conseguíamos imitar.
Os chafarizes superavam as fontes, no que se refere à construção, uma vez que dispunham de uma torneira inserida numa parede trabalhada. Ao lado do Chafariz do Eirô, encostado ao muro da Vinha da Porta, havia o único tanque para lavar roupa, mas em nada se comparava à água corrente da ribeira ou do rio. No cimo do povo existia ainda o Chafariz do Outeiro que satisfazia as necessidades da vizinhança.
Fazia parte das nossas tarefas diárias ir buscar água à fonte para que as nossas mães, ao chegarem do campo, tivessem água em casa para fazer a ceia. Fazíamo-lo de bom grado, com o regador de zinco, mal cheio e, pelo caminho, íamos parando e bebendo pelo cano, não porque tivéssemos sede, mas porque achávamos graça…