A
escrita possibilita a transmissão à distância, no espaço e no tempo, de
conhecimentos resultantes de experiências vividas, através de registos de
acontecimentos, de sinais e de signos.
Partindo
deste pressuposto, e por considerar serem as palavras o meio propício para
revelar os afectos, quis escrever sobre a minha infância no contexto das
vivências colectivas das gentes da minha aldeia, Vila Boa do Mondego - Celorico
da Beira, na década de cinquenta e início da década de sessenta.
Assim
nasceu o blogue Alvagada.
Apelei à minha memória, única fonte de
testemunhos, não só como registo e evocação consciente de factos passados, mas
também como processamento de lembranças, numa conjugação, tanto quanto possível
perfeita, entre recordações e informações que, de algum modo, pudessem ter
interesse para a preservação da identidade cultural do meu povo.
Sem
outra pretensão que não fosse o mero prazer de recordar alguns pormenores da
minha infância.
Porém, à medida que a escrita ia acontecendo, fui-me
deixando envolver por lembranças de pessoas, de factos e de sentimentos. A
pouco e pouco, fui-me apercebendo de que estava perante uma multiplicidade de
práticas culturais da gente da minha terra, preservadas de geração em geração,
numa longa cadeia de transmissão de que eu era, afinal, apenas mais um elo.
Em
simultâneo, apercebi-me de que este blogue estava a ter um vasto número de
seguidores: conterrâneos espalhados pelo mundo, familiares e amigos e outras
pessoas que, tendo ou não vivido um passado semelhante, me incentivaram a
prosseguir.
A
ideia de livro foi tomando forma, sem aspirações eruditas. Da amálgama de
emoções que me envolveram, realço o propósito da preservação de especificidades
culturais de um aglomerado populacional de há meio século e o desejo explícito
de homenagear a aldeia onde nasci e cresci.
Afigurou-se-me
pertinente inserir, neste relato de memórias da infância, uma breve informação
histórica que possibilitasse um melhor entendimento da minha terra e das suas
gentes. Curiosamente, na pesquisa efectuada, deparei-me com documentos valiosos
que constituem o garante primordial da sua unidade e da sua identidade.
E
escrevi um livro.
A
todos os visitantes do blogue Alvagada, os meus sinceros agradecimentos.
A
publicar:
AUGUSTA PANARRA
VILA
BOA DO MONDEGO
MEMÓRIAS
DE INFÂNCIA
ANOS
CINQUENTA